quarta-feira, 27 de julho de 2011

Para a Vergonha Vossa

Não posso me demorar mais nesse atroz labirinto em que culpados e inocentes se perdem. Labirinto de esquecimento, cegueira e dormência. Pois em minha porta batem as mãos dos que cobram, do meu quarto ouço a voz da condenação. A sombra do carcereiro me rodeia, transita sobre as angustias. Avisto a negra masmorra, destinada aos não justos, e pasmo com a multidão. Todos dormem. 


Na mesma cova  o mais secreto pensamento e as mentiras estão sepultadas. Tudo se ajeita com o tempo. Minha sorte se mistura à daqueles que chamam este buraco de lar. Sonhávamos com os vastos campos brancos; Ao mencionar os perdidos rostos , as almas, ouço suspiros.
Choramos esse lamento.  Vergonha.
Escrita nos altos muros sem eco (sem voz, pois todos dormem) a palavra ainda vivia: 
“Tornai-vos à sobriedade, despeitai, como é justo, e não pequeis”;
Retrocedi no tempo, que fora fértil em mudanças. Recompunha coisas incompletas, o pesar do passado jamais abriria a porta. Tornei-me à justiça como deveria ser; ao primeiro amor. As mesmas salas agora deram-me agasalhos. A face de homens antigos brilhou, iluminada por um estranho orvalho.
Tornai-vos à sobriedade, despeitai, como é justo, e não pequeis; Porque alguns ainda não tem conhecimento de Deus”
Quem é culpado e inocente? O sangue dos esquecidos (tinta das espadas) é resultado das cinzas em minhas mãos, mancham e contaminam minha pele, mancham minha coroa.
Eis a estrada, eis os campos, e a direção do olhar.
“Tornai-vos à sobriedade, despeitai, como é justo, e não pequeis; Porque alguns ainda não tem conhecimento de Deus; isto digo para a vergonha vossa!

anteriormente postado no  IDE

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